Resultado do V Workshop Rio São Francisco

27 de novembro de 2013

O “V Workshop Rio São Francisco – Cultura, identidade e desenvolvimento novos olhares sobre o semiárido” iniciou no último dia 25 no auditório do Hotel Belvedere em Paulo Afonso/BA

A abertura se deu com a palestra do prof. José Alves de Siqueira sobre “Ecologia de Conservação das Caatingas do Sertão”. Fazendo uma análise do que tínhamos, o que ainda temos, o que estamos perdendo e o que podemos fazer na região do Rio são Francisco, os impactos da construção das hidrelétricas sobre essa região. Mostrando o quanto se perdeu nas paisagens, as cachoeiras que hoje estão secas, as espécies de peixe originárias do Rio São Francisco que hoje já não existem mais, as lagoas temporárias, enfim, as espécies extintas de aves, plantas, na nossa região devido ao mau uso do nosso grandioso Rio São Francisco. E afirmou: “É praticamente inviável ser beija-flor nos tempos atuais”. Aproveitando a oportunidade, o professor apresentou o seu livro: “Flora das caatingas do Rio São Francisco: História Natural e Conservação”

Foto: AcertePauloAfonso

Esse Workshop trouxe muitos alunos da para a apresentação de trabalhos monográficos de pós graduação, mestrado e doutorado, em sua maioria abordando o tema Flora na caatinga.

Foto: AcertePauloAfonso

José Ângelo Pinto – diretor de fotografia do clube de fotografia de Feira de Santana - trouxe um documentário fotográfico feito na região de Canudos. Diante do conhecimento da longa estiagem naquela região, achou a oportunidade ímpar para que pudesse documentar, através de fotos, registro para a atual e futuras gerações. O livro foi lançado no Festival Internacional de Fotografia e no Memorial Antonio Conselheiro da UNEB em Canudos e teve também sua divulgação no V workshop. No valor de R$ 60,00, o livro “Canudos, essa história não pode morrer" traz uma dimensão ilustrada dessa estrela misteriosa do sertão baiano, registrada pelas lentes dos amantes da fotografia que fazem parte do Clube de fotografias de Feira de Santana.

Foto: AcertePauloAfonso

Professor Laumar Neves de Souza, apresentou as mudanças desde o censo 2000 para 2010 e as influências no mercado de trabalho de Paulo Afonso como o crescimento populacional e a relação com o poder econômico. A análise demonstrou ser um verdadeiro reflexo do conjunto de políticas que estimulam a demanda interna. A influência do aumento do salário mínimo, as consequências dos programas sociais do governo e os impactos causados por isso. Enfim, um período de transformação econômica e social importante.

Foto: AcertePauloAfonso

No período da tarde do dia 25 mais trabalhos acadêmicos foram apresentados. E em seguida aconteceu uma mesa redonda abordando o tema Práticas sustentáveis no Rio São Francisco, e Práticas Agroecológicas no Rio São Francisco.

Todo o cenário do evento foi organizado por Sérgio Marques.

Foto: AcertePauloAfonso

Para o fechamento do dia, uma mostra fotográfica Elizabeth Kiddy de autoria de Sérgio Ricardo Marques. Fotografias que foram expostas ao fundo do auditório e transformadas em postais para a Casa Cor.

Foto: AcertePauloAfonso

O segundo dia do workshop foi iniciado com apresentações orais dos alunos da UNIFACS e UFBA onde foi falado sobre o turismo religioso em Bom Jesus da Lapa e o lixo que é produzido e descartado excessivamente nesse período.

Em seguida foi formada a mesa redonda com, Eid Kentenich da Equipe de Aventura Rota Vertical em Paulo Afonso, o Secretário de Turismo Jacques Fernandes e o Professor Ajax Amaral onde foi abordado o tema Turismo de Aventura. O Prof. Ajax iniciou a apresentação falando sobre o tema, as normas, os cuidados, os conceito de Turismo de Aventura, práticas, possibilidades e requisitos para a prática e a sua trajetória com a atuação no turismo de aventura em Paulo Afonso.

Foto: AcertePauloAfonso

Em seguida, Eid descreveu a sua trajetória no ramo da atividade de aventura e a exploração turística com a equipe Rota Vertical. Onde os pontos favoráveis e desfavoráveis da atividade na cidade de Paulo Afonso podem contribuir ou prejudicar o sucesso dessa exploração turísticada. Um dos pontos mais relevantes está na falta de mão de obra para suprir a demanda bem como as autorizações para exploração em áreas de segurança da CHESF, áreas federais, do exército. Mostrou que a empresa está no caminho da certificação, afinal, essa já é uma busca antiga da equipe.

Foto: AcertePauloAfonso

Já a abordagem de Jacques foi mais voltada ao desenvolvimento da exploração da atividade de aventura na cidade há 10 anos atrás quando a riqueza de possibilidades foi jogada na mídia porém sem o suporte necessário para a prática na cidade. E mostrou que, a partir de 2009, com o inventário produzido pela UNEB e o estudo de competitividade houveram mais discussão sobre políticas públicas relacionadas ao turismo e, claro, ao turismo de aventura. Mostrando uma certa maturidade para a exploração dessa prática e que, a partir desse momento, o município de Paulo Afonso começava a dar sinais de melhor estruturação municipal e, em consequência, possibilidades de inserir propagandas na mídia que pudessem fazer jus ao que estava sendo divulgado.

Foto: AcertePauloAfonso

Depois de muitas abordagens calorosas e com promessas para a mesa redonda de "Políticas Públicas para o Turismo" que iria acontecer no turno da tarde, o Professor Salomão Vergne iniciou sua palestra abordando o tema “Arqueologia na Caatinga”. Uma apresentação riquíssima em detalhes pré históricos da nossa região, bem como a diversidade de exploração turística que esse tema pode abranger. Desde arqueologia à arquitetura. Mas a vida do sertanejo é o alvo principal, vida rica de comportamento e patrimônio paisagístico. A possibilidade de exploração da arqueologia industrial e patrimonial, mostrando como exemplo a usina Angiquinho; a interligação entre alguns municípios que, diante das pinturas rupestres com símbolos iguais, demonstra que possivelmente aquela era uma área de trânsito; o complexo arqueológico de Malhada Grande com uma quantidade enorme de arte rupestre nessa região do Rio do Sal.

E deu sugestões de como essas áreas podem ser exploradas turisticamente mantendo a conservação dos sítios. Para quem tiver interesse em conhecer esse sítios, é preciso entrar em contato com o CAAPA que fica na Escolinha – CFPPA.

Foto: AcertePauloAfonso

Para o turno da tarde, a mesa redonda abordando o tema “Novas Rotas Turísticas” teve como colaboradores o professor Antônio Galdino, o Jairo Oliveira, membro do Museu do Sertão - AL e Carolina Espíndola como mediadora.

O professor Galdino abriu a discussão fazendo um demonstrativo de toda a sua trajetória no que se refere ao turismo na cidade de Paulo Afonso. Desde estudos sobre as cachoeiras e o processo de desenvolvimento da cidade à possíveis rotas a serem exploradas pelo entorno do rio São Francisco, fazendo roteiros integrados e citou a proposta do “cânion e cangaço”, a rota do cangaço, já existente e saindo de Paulo Afonso e passando pela Baixa do Boi, Riacho e fechando na Casa de Maria Bonita.

Foto: AcertePauloAfonso

O professor Jairo Oliveira fez uma breve apresentação sobre a "Rota Caminhos do Imperador", onde foi elaborada a partir do diário do Imperador Dom Pedro II e foi estudado o que ainda é existente nos dias de hoje. Essa expedição foi inaugurada com a presença do príncipe Orleans de Bragança, tetraneto do imperador Dom Pedro.

Outra rota apresentada pelo mesmo foi a “Rota do Cangaço”, um roteiro elaborado de maneira pensada, estruturada, com avaliação e manutenção do desenvolvimento da mesma. Mostrando o quanto o tema Cangaço é rico e pode contribuir para o turismo na região. Afinal, esse tema agrega em sua totalidade a história oral, a música, a dança, a gastronomia, a religiosidade, a estética, hábitos e costumes desse povo que, por muito tempo pisou nessas terras deixando consigo uma grande riqueza histórica que já gerou mais de 700 livros abordando esse tema. Desde sua criação, em 96 com registro de 820 visitantes a 2012 com 29.108 visitantes, a Rota do Cangaço demonstra o sucesso devido a riqueza que possui.

Foto: AcertePauloAfonso

O professor Edvaldo Boaventura fez sua palestra abordando o tema “Parque Estadual de Canudos”. Mostrando a longa trajetória que o entorno vai percorrer no que se refere a estruturação da cidade para o recebimento de turistas, afinal, “Canudos está apenas começando, do ponto de vista turístico, Canudos ainda não existe” disse ele.

Na oportunidade, o professor apresentou o livro “Parque Estadual de Canudos” que fala um pouco da história da cidade e do surgimento do Parque Estadual.

O Sitio Histórico foi montado abordando interesses turístico e ecológicos, mas o predominante mesmo é o interesse histórico militar. Canudos ainda não é de interesse nacional, a imprensa nacional colocava a cidade como algo muito longe, inacessível. Mas o desafio da existência desse Parque é tentar demonstrar todo esse drama e relembrar essa história. Para o fechamento de sua apresentação, solicitou a leitura de um trecho do livro que falava “dAs três Canudos” – 1ª emergida, 2ª submergida e 3ª erguida das águas.

Foto: AcertePauloAfonso

A última mesa redonda do workshop foi com o tema: “Políticas Públicas para o Turismo” que fizeram parte os secretários de turismo Jacques Fernandes (Paulo Afonso) e Eliseu Gomes Neto (Delmiro Gouveia) e teve Lindomar Pinto da Silva como mediador.

Jacques fez uma colocação sobre a Região Integrada de Desenvolvimento Econômico, assunto que, há 10 anos foi pauta do Jornal Folha Sertaneja em seu lançamento, onde Clementino Heitor de Carvalho defendia essa bandeira do RIDE. E que, naquela época foi criado o Instituto Xingó, o Conselho de Desenvolvimento Regional onde, dentro da temática, estava a área de turismo e hotelaria. Mostrando assim, que temas antigos ainda são úteis para o desenvolvimento de políticas públicas atuais.

Foto: AcertePauloAfonso

Esse tema de políticas públicas não foi mais explorado e debatido devido ao tempo que já estava estourado, afinal, falar sobre as riquezas do Rio São Francisco e seu entorno em apenas 2 dias não é o suficiente. Tanto que o Secretário já aproveitou o evento para convidar os idealizadores do Workshop a realizar um segundo encontro no município de Paulo Afonso. Proposta feita e aceita pela Professora Regina Souza no momento de sua fala para o encerramento dessa discussão tão cheia de temáticas a serem abordadas.

Aproveitando a oportunidade, todos que estavam presente foram convidado a fazer o plantio de uma muda de caraibeiras no estacionamento do Hotel Belvedere, proposta sugerida pelo Professor José Alves Siqueira, que além dessa, trouxe diversas mudas de plantas provenientes da caatinga e típicas na nossa região.

Foto: AcertePauloAfonso

Dentre toda a programação, o autor pauloafonsino Luiz Rubens também esteve presente e levou seus livros sobre os mais variados temas que envolvem o cangaço, as usinas e a região para venda.

Foto: AcertePauloAfonso