Campeão Brasileiro NE de Jiu Jitsu é pauloafonsino: Faixa preta Dionízio Neto
16 de abril de 2014O atleta Dionizio Neto acaba de chegar de Feira de Santana, onde participou do Campeonato de Jiu-jitsu e trouxe para Paulo Afonso o título de Campeão Brasileiro Faixa preta de Jiu-jitsu. Essa colocação é o resultado de muito esforço e trabalho que vem desenvolvendo na cidade.
Neto é diplomado Professor faixa preta 1º grau de Jiu-jitsu desde dezembro de 2013 pela equipe China Jiu-Jitsu. A equipe tem o Luiz Paulo como mestre e o professor Fernando Chinês como idealizador da academia China Jiu-jitsu com sede em Aracaju, onde Neto começou a treinar. O Professor Fernando Chinês vem a Paulo Afonso periodicamente nos finais de semana para manter o relacionamento com as filiais aqui na cidade que são:
COPA: Professor Cláudio Non (Faixa preta 1 grau)
APOLÔNIO SALES/DIONIZIO NETO JJ: Professor Dionízio Neto (faixa preta 1 grau)
COLÉGIO SETE: Professor Erick Feitosa (faixa marrom)
PETROLÂNDIA: Professor Charley (faixa marrom)
Prof. Non, Prof Neto, Mestre Luiz Paulo, Prof Chinês - Foto: acervo Neto
A academia a qual Neto é filiado trabalha com uma metodologia baseada no sistema criado por mestre Luiz Paulo, de Niterói/RJ, onde os alunos passam 2 anos aprendendo esse sistema que tem uma sequência de atividades pré estabelecidas e está inclusa desde defesa pessoal ao jiu-jitsu para competições, proporcionando assim mais segurança aos professores que percebem facilmente os resultados mesmo em pouco tempo de aplicação.
Foto: Klycinha Nascimento
A rotina de treinos do atleta envolve desde as aulas que ministra em sua academia a treinamento funcional, natação, musculação entre outra atividades físicas que explora no seu dia a dia. Sua estreia no Jiu-Jitsu se deu quando residia em Aracaju e essa vivencia vem acontecendo há 17 anos. Nesse período teve algumas pausas por questões de saúde, mas essas própria questão foi o que o trouxe de volta de maneira mais profunda para a arte, fazendo com que ele entendesse o Jiu-Jitsu como um estilo de vida.
Foto: Klycinha Nascimento
“Nesses 17 anos, algumas vezes parei de treinar por problemas de saúde, outras vezes por falta do apoio que os atletas precisam e não conseguem... Minha vida começou a ficar mais centrada depois que eu entrei na igreja e eu decidi não mais me envolver com festas, álcool, drogas que eu vivi nesse meio. Decidi levar mais a sério o esporte e tudo mais que eu fazia. Levar a arte marcial como uma filosofia de vida e quando eu fui graduado faixa preta, há 3 anos atrás, eu decidi abrir a filial aqui em casa... Quando estou dentro do tatame gosto de levar a sério tudo o que eu faço aqui dentro. Muitas vezes vou a exaustão, ao meu limite, dando 3 a 4 aulas por dia de jiu-jitsu ativamente.” Diz Neto sobre a sua rotina.
Na academia com os alunos
A filial Dionizio Neto JJ, está localizada na Avenida Apolônio Sales, Nº 714 e funciona às segundas, quartas e sextas nos horários de 11h, 14:30h, 18:00h (infanto-juvenil) e 19:30h (adulto misto).
Desses 3 anos de funcionamento teve uma parada devido aos problemas de saúde do professor que tem transtorno bipolar e enxerga essa situação clínica como um fator a ser compartilhado com seus alunos para que eles percebam que certas limitações não são impeditivos para o sucesso no que se está disposto a fazer. “O pessoal que está ao meu redor me dá força para continuar com a cabeça erguida, tentando me superar, seguir sempre em frente. Sempre levantar a cada dia e encarar o meu trabalho. As responsabilidades que eu tenho. Tem dias que eu acordo e não quero levantar da cama. Eu não sei se convém falar que eu tenho transtorno bipolar, que é um problema de saúde que eu tenho e eu gosto de falar sobre isso porque várias pessoas têm e se escondem porque tem medo do preconceito da não aceitação da sociedade. Meus alunos todos sabem desse problema que eu tenho e eles se superam nos problemas deles também por causa disso, porque eu estou todo dia aqui, treinando com eles.”
Nesse campeonato que disputou em Feira de Santana, Dionízio teve a oportunidade de lutar com Valtonei Siva Chagas (da equipe Edson Carvalho). Um lutador que tem deficiência visual, mas que luta duro, é um atleta dedicado e não coloca sua deficiência como limite para a suas potencialidades. “Todo campeonato baiano que eu ia, via o Valtonei. Fiz questão de tirar uma foto com ele. Ele começa a luta fazendo pegada, porque ele usa o tato. E eu conversei com ele sobre isso, depois da luta, ele ganhou de mim. Muito forte, muito duro, apesar de ser cego, tem o Jiu Jitsu muito bom. Eu tava realizando um sonho porque eu sempre admirei pessoas que se superam. Quando eu vi que ia lutar com ele eu disse: ‘caramba, vou lutar com um cara que eu sou fã, que eu sempre vejo lutar!’ ... Quando eu fui lutar com ele fiquei meio emocionado porque o cara que eu sempre vi lutar é cego e ganha sempre os campeonatos. O cara muito monstro! A gente lutou, eu perdi no final, faltando 20 seg para acabar a luta, ele conseguiu me estrangular e acabou a luta, depois a gente se abraçou. E ele disse: ‘venha lutar mais não, porque sua pegada é muito forte’... Tirou onda! Conversei muito com ele sobre minhas limitações também”.
O título de campeão Brasileiro não o envaidece, pois entende que os treinos são importantes para proporcionar aos adversários lutas dignas, duras, difíceis. “Essa é a nossa filosofia: Se a vitoria vier, bom, se não vier... mas cumprimos o nosso dever de honrar o nosso adversário com luta dura estando preparado para aquilo... As pessoas vão pra um campeonato com muita sede de conquista. No campeonato você aprende lições que vão além de uma medalha além da sua graduação, além do seus status...Se você tiver muito apegado a essa cultura, a essa conquista, você perde coisas essenciais que vão valer na sua vida para sempre, a medalha vai se acabar, a faixa vai se acabar, mas as lições não acabam, ficam na sua mente no seu coração para sempre. Então essa luta aí foi bem importante pra mim, foi muito importante lutar com eles e essa experiência desse campeonato foi maravilhosa porque esse é o 1º campeonato que eu venço na faixa preta [...] A conquista da medalha é uma coisa maravilhosa, tem um repercussão boa, é algo que fortalece a você mesmo, como eu que sou professor, fortalece porque é um trabalho que eu faço hoje para profissionalizar. É como se a conquista dissesse para mim mesmo que o trabalho tem dado certo”.
Fotos: Klycinha Nascimento
Como boa parte dos atletas, Neto também sente dificuldades para conseguir patrocínios para disputar os campeonatos. Mas, para esse campeonato, especificamente, contou com o apoio da Academia Performance, que ofereceu treinamento de musculação; a loja UHUU, que ofereceu os suplementos para o treinamento pesado; as lojas Milenium, Suvinil Multicor e Telenew Oi que patrocinaram as inscrições e despesas com alimentação do atleta.
Patrocinadores: Brando Guerra (Telenew Oi e Suvinil Multicor), Luiz Dias (UHUU e equipe)
Isso ainda é muito pouco no que se refere à qualidade dos atletas existentes na cidade. No caso do Jiu Jitsu, temos campeões mundiais, nacionais, estaduais, municipais e todos eles passam por muitas dificuldades quando o aspecto é o patrocínio. Muitos empresários ou integrantes do setor público já tiveram histórico de atuação nos esportes hoje ocupam determinadas posições e, mesmo sabendo o que já passaram quando atletas, ainda não enxergam a importância desse apoio para a manutenção e multiplicação de atletas na região.
Dionizio Neto é uma verdadeira história de superação e persistência que enxergou no esporte, na arte marcial, uma alternativa de manter a disciplina, o foco e desenvolver toda a sua potencialidade. Procura usar a filosofia da arte como direcionamento de suas ações aliado ás crenças pessoais, espirituais e religiosas. A formação de seus alunos está vinculada ao ensinamento da arte marcial em si e toda a doutrina, disciplina e responsabilidade que envolve no contexto. “Desde que eu comecei, fui treinado para competir, tenho tentado resgatar na academia os valores e a disciplina que existem dentro da arte marcial, fundamentais no entendimento da essência dessa arte suave que é o jiu-jitsu, não relaxando no ensinamento dado aos alunos dentro do tatame. Nos treinos, tento colocar também uma filosofia do que eu creio como cosmovisão do mundo, através da bíblia, associando a filosofia das artes marciais com a cristã, onde não é só no tatame que a gente luta, lutamos fora dele também, na vida. Guerreiro a gente tem que ser em todos os lugares. Desde que eu comecei a treinar eu fui treinado para competir, a gente tinha muita disciplina, até demais, em Aracaju.”
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Por Ana Paula Araujo
Fotos: acervo Neto/ Klycinha Nascimento