A Chesf (Companhia Hidro Elétrica do São Francisco) se instalou nesta região, conhecida como Forquilha, em 1948, antes do nascimento do município e cidade de Paulo Afonso que só aconteceu 10 anos depois, em 1958.
Com o início das obras de construção da primeira Usina de Paulo Afonso, milhares de nordestinos, principalmente dos estados de Pernambuco, Alagoas e Sergipe, além dos baianos das regiões mais próximas, se estabeleceram em Forquilha, depois chamada Vila Poty, trazendo com eles suas raízes culturais.
Assim, nos primeiros tempos de Paulo Afonso, a influência cultural veio do pastoril e do reisado. E o cenário musical era composto pelo frevo, ciranda, maxixe, xote, baião e forró.
Nesse tempo também era comum a presença de repentistas e criadores da literatura de cordel e xilogravura, muito fortes em Pernambuco e na Paraíba.
O axé, ritos religiosos como a lavagem do Bonfim, cantos e danças associados aos cultos afro-brasileiros, instrumentos como o berimbau, o axé e a culinária baiana só começaram a chegar a Paulo Afonso no início dos anos de 1980.
No que se refere ao artesanato, no Povoado Malhada Grande um núcleo de produção artesanal, cria, há anos, em seus teares manuais, rústicos, peças de crochê e tricô, tapetes de fios, que têm atraído a atenção dos amantes da arte pura e regional e já foram até exportados para a Europa e Estados Unidos.
Temos também uma grande influência do cangaço, afinal, foi aqui que Lampião passou boa parte de sua vida, na região conhecida como Raso da Catarina. Daqui saíram 47 cangaceiros para o seu bando. E foi do Povoado Malhada da Caiçara, no município de Paulo Afonso, que ele "levou" Maria Bonita, nossa conterrânea, que ficou conhecida como “a rainha do cangaço”. Um grupo folclórico “Cangaceiros de Lampião” existe há 60 anos.
O teatro “apareceu” por aqui na década de 70, onde uma professora popularizou o uso do palco, com apresentações regulares nos clubes da cidade. Surgiram alguns grupos de dança e conjuntos regionais, teatro de rua, também nas escolas. Hoje, o grupo que ainda permanece é a APDT (Associação Pauloafonsina de Dança e Teatro) que é coordenada por um dos talentos revelados nessa década de 70.
Enfim, não diferente do nosso Brasil, Paulo Afonso é o resultado de uma mistura de cultura, cores, raças, costumes. O que nos faz muito ricos nesse aspecto.
Aqui temos excelentes músicos, desenhistas, contadores de causos, poetas, atores, artesãos, enfim, uma infinidade de artistas das mais diversas vertentes!
Aqui você encontrará um pedacinho de cada arte. Seja bem vindo ao mergulho cultural."
Sou do tipo que se alimenta de poesia no café da manhã. No resto do dia, enfrento o asfalto com a única arma que sei manejar: a fantasia. Não tenho contrato com a realidade. Ela vive em torno de mim sem me saciar. A imaginação me dá viço e me acalma. Aceito que os meus olhos sofram de miopia, não minha alma. Gecildo Queiroz, professor, escritor, humorista, poeta e cronista.